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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Roberto Sandoval : rlavodnas@gmail.com ou rlavodnas@hotmail.com

Introdução :

O concelho de Montemor-o-Novo recebeu forais dos reis D. Sancho I (1203) e de D.Manuel (1503) e teve um importante papel no combate à ocupação castelhana (1580 - 1640) e durante as invasões francesas (início do séc. XIX).
A época do apogeu de Montemor-o-Novo foram os séculos XV e XVI, em que à prosperidade trazida pelo comércio se aliava o facto de a corte permanecer por largos períodos em Évora, o que tornava a vila palco frequente de acontecimentos políticos de relevo, com a realização de cortes e a permanência do rei no Paço dos Alcaides.

Em Montemor, em 1496, tomou D.Manuel I a decisão histórica de mandar descobrir o caminho marítimo para a Índia, durante os conselhos gerais que se realizaram na cidade.
No numeramento mandado realizar em 1527 por D.João III, o primeiro recenseamento à população feito em Portugal , contava 899 fogos, ficando em sexto lugar entre terras do Alentejo. D. Sebastião deu-lhe, em 1563, o título de Vila Notável, atendendo a que era "lugar antigo e de grande povoação" cercada e enobrecida de igrejas, templos, mosteiros e de muitos outros edifícios e casas nobres"
Pertencem a essa época algumas das mais importantes obras de arquitectura existentes na cidade, como a Misericórdia, os Conventos da Saudação, de S.Francisco e de Stº António, a Ermida de Nª Srª da Visitação, o Hospital Velho e o portal da igreja de Stª Maria do Bispo.

Capítulo I - Maria Castanho

Natural de Monte-mor o Novo , Portugal , nascida pelos anos de 1520 , foi casada com Antonio Rodrigues de Almeida.

Genealogia Paulistana
Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919)
Vol IV - Pág. 379 a 28
Tit. Almeidas Castanhos
Pág. 379

Em S. Vicente se estabeleceu Antonio Rodrigues de Almeida, onde por espaço de 13 anos prestou muitos serviços ao donatário da capitania, ao rei e a Deus, achando-se em todos assaltos e guerras  do gentio, Tamoyos, que, habitando a costa desde a enseada do Rio de Janeiro até a barra de S.  Vicente, braço do Norte chamada Bertioga, impediam o aumento da povoação da dita vila fundada pelos anos de 1531 a l534 por Martim Affonso de Sousa.

No ano de 1.556 passou ao reino Antonio Rodrigues de Almeida, e, pelos merecimentos próprios, recebeu do donatário Martim Affonso de Sousa a mercê de propriedade dos ofícios de escrivão da ouvidoria e das datas de sesmarias e de seu chanceler na capitania de S. Vicente. Estando a embarcar de regresso a esta vila, foi constituído capitão-mor, ouvidor da capitania de Santo Amaro do defunto Pedro Lopes de Sousa, por sua viúva d. Izabel de Gambôa, como tutora e administradora de seu f.ð Martim Affonso de Sousa, o moço, e sobrinho direito de Martim Affonso, o velho, donatário da capitania de S. Vicente. Esta promoção foi feita em 1557 em Lisboa por instrumento público lavrado tabelião Antonio do Amaral; e como capitão-mor e ouvidor concedeu terras dentro das dez léguas da capitania de Santo Amaro, que partem do rio Curupacê até a barra do rio de S.Vicente, braço Norte, chamado Bertioga, como se vê das sesmarias que concedeu desde 1557 a 1568, as quais se acham registradas no cartório da provedoria da fazenda real de S. Paulo, no livro das sesmarias Tit. 1562 da pág. 11 á 123". Seguem os títulos de concessão de três sesmarias feita a Antonio Rodrigues de Almeida, uma junto ao mosteiro de Piratininga (em S. Paulo) em 1560, a 2.a no Rio de Janeiro em 1565, entestando com a aldeia de índios chamada Itaoca, e a 3.a em 1567, compreendendo as águas do Cubatão na vila de Santos. Nestas concessões se faz menção dos valiosos serviços prestados por esse fidalgo cavaleiro da casa real, que tinha, de regresso de Portugal, trazido sua mulher e 2 f.as. por casar. Foi casado com Maria Castanho, natural de Monte-mor o Novo, e trouxe de Portugal duas f.as., tendo mais um f.ð nascido na vila de Santos, onde foi morador até passar para S. Paulo onde viveu e faleceu. 

Maria Castanho e seu marido Antonio Rodrigues de Almeida deixaram os filhos seguintes :

 Catharina de Almeida
 Maria Castanho , que segue no capítulo seguinte
 Padre Andre de Almeida

Capítulo II - Maria Castanho 

Nascida pelos anos de 1552 em Monte-mor o novo. Casou-se em Santos pelos anos de 1564 a 1565 com Antonio de Proença, natural da vila de Belmonte, moço da câmara do infante dom Luiz , senhor de Belmonte e Duque da Guarda.

Genealogia Paulistana : Antonio de Proença foi notável pelo seu prestígio e serviços que prestou à causa pública; assim, quando Diogo Martim Cam, o magnata de alcunha, veio a S. Paulo buscar socorro para penetrar o sertão da capitania do Espírito Santo em descobrimento de minas de ouro, prata e esmeraldas (e foi a 1a tentativa deste gênero) foi o dito Antonio de Proença quem lhe fez todo o fornecimento, fazendo acompanhar a expedição seu f.ð Francisco de Proença com armas e escravos, tudo a sua custa. Francisco de Proença voltou para S. Paulo em 1598 vindo da Bahia, para onde se recolhera depois de frustrados os esforços para os descobrimentos empreendidos.

Em 1599 foi Antonio de Proença nomeado capitão da gente de cavalo de S. Paulo por provisão de dom Francisco de Sousa, que tendo vindo a S. Paulo nesse ano, fez uma viagem à serra de Biraçoiaba, a visitar o estabelecimento de Affonso Sardinha, de que tratamos em Tit. Cubas. Foi também ouvidor e auditor da capitania de S. Vicente com residência em S. Paulo, para o que obteve provisão de licença em 1601. Em l602 foi nomeado capitão da vila de S. Paulo, na ausência do capitão dela Diogo Arias de Aguirre, por provisão de dom Francisco de Sousa. Em 1582 foi juiz ordinário e de orfãos de S. Paulo, e serviu por muitas vezes os honrosos cargos da república.

Em 1694 o capitão-mor Pedro Taques de Almeida provou com testemunhas e documentos perante o vigário da vara de S. Paulo o doutor André Baruel a nobreza, qualidade e pureza de sangue de seu ter-avô Antonio Rodrigues de Almeida, cavaleiro fidalgo; bem como a qualidade, nobreza e pureza de sangue de seu bisavô Antonio de Proença, moço da câmara do infante dom Luiz e natural de Belmonte.

Nos autos de habilitação de genere do mesmo capitão-mor Pedro Taques de Almeida processados na vila de Belmonte Teixoso, bisp. da Guarda, à requisição do bispado do Rio de Janeiro, consta pelo depoimento de treze testemunhas que o dito Antonio de Proença se ausentara para o Brasil pelo crime de haver tirado de certo mosteiro uma religiosa; e por este sacrílego atentado fora preso no Castello e a freira recolhida ao cárcere de seu convento. Dali fugira em vida do infante dom Luiz e se recolheu ao Brasil.

Segundo Pedro Taques (a quem seguimos, fazendo o resumo historico que fica escrito), as armas dos Proenças eram as seguintes: "O escudo partido em pala: na 1.a em campo verde uma águia preta de duas cabeças armada de ouro; na 2.a em campo azul cinco flores de liz de ouro em santor.

Pág. 382

Assim se vêm iluminadas no brasão de armas que tirou o dito capitão-mor Pedro Taques em Lisboa a 5 de Julho 1707, sendo rei de armas Antonio de Aguiar, e escrivão da nobreza José Duarte Salvado, cavaleiro da casa real; e obteve sentença o dito Taques pelo dr. Gonçalo da Cunha Vilas Bôas, desembargador da casa da suplicação e corregedor com alçada nos feitos e causas cíveis da corte, e se acha registrado no arquivo da câmara de S. Paulo, no livro grande que principia em 30 de Outubro de 1721".

Em S. Paulo teve Antonio de Proença seu estabelecimento agrícola com terras de culturas e campos de criação na ribeira de Ityporanga, onde teve abundantes criações de gados vacuns, cavalares, suínos etc., e grandes searas de trigo, de cujos rendimentos fornecia o tratamento de sua casa. 

Faleceu Antonio de Proença com testamento em S. Paulo em 1605, e teve de Maria Castanho os 5 filhos seguintes :

  Francisco de Proença
  Anna de Proença , que segue no capítulo seguinte
  Catharina de Almeida
  Izabel de Proença
  Maria de Almeida

Capítulo III - Ana de Proença

Natural de São Paulo , casada com Pedro Taques , nascido pelos anos de 1570 em São Julião , Setúbal , Portugal , falecido em 16/10/1644 , filho de Francisco Taques Pompeu , natural de Brabante (Flandres) e de sua mulher Inês Rodrigues , natural de Setúbal , deixaram os filhos seguintes :

Pedro Taques de Almeida
Guilherme Pompeu de Almeida
Lourenço Castanho Taques , que segue no capítulo seguinte
Sebastiana Taques
Mariana Pompeu
Antonio Pompeu de Almeida

Pedro Taques provavelmente nasceu antes de 1570 em São Julião, Setúbal, Portugal. Era filho de Francisco Taques Pompeu e Ignez Rodrigues.

Passou ao Brasil no caráter de secretário deste governo, em companhia de dom Francisco de Sousa, sétimo governador geral em 1591. Esteve na Bahia até 1598, ano em que com dom Francisco de Sousa veio a São Paulo a visitar as minas de ouro e ferro então descobertas por Afonso Sardinha.

Em São Paulo casou-se Pedro Taques com Ana de Proença, natural de São Paulo, filha de Antonio de Proença, moço da câmara do infante dom Luiz, e de Maria Castanho.

Deixando o cargo de secretário em 1602 com a retirada para o reino de dom Francisco de Sousa, serviu os honrosos cargos da república em São Paulo, até que em 1609, quando voltou do reino o dito dom Francisco de Sousa, recebeu deste a mercê do ofício de juiz dos órfãos da vila de São Paulo com caráter vitalício por provisão de 6 de junho de 1609.

Capítulo IV - Lourenço Castanho Taques

Natural de São Paulo , nascido em 1609 , falecido em 5/03/1677. Casado em São Paulo , aos 24/11/1631 , com Maria de Lara , nascida em São Paulo por 1615 , falecida em 8/12/1670 , filha de Dom Diogo de Lara , natural de Zamora , Espanha e de Madalena Fernandes de Moraes.
Entre outros , deixaram o filho Lourenço Castanho Taques , que segue :

Capítulo V - Lourenço Castanho Taques , o Moço

Nascido pelos anos de 1641, casado em 1695 com Maria de Araújo , filha de Luis Pedroso de Barros , aquele que faleceu no Reino do Peru em 1662 e de sua mulher Leonor de Siqueira Góes e Araújo. Faleceu Lourenço em São Paulo em 1708.

"Filho de Lourenço Castanho Taques e bandeirante como o pai. Partiu de São Paulo em 1675 ou 1676 sua bandeira que, seguindo itinerário de Fernão Dias, atacou e aniquilou os índios cataguá no sítio por isso chamado Conquista, vencendo-os e perseguindo-os até o rio Araxá. Passou dai ao rio Paracatu, estabelecendo ali um posto, onde demorou dois anos.
Inclinara-se ao descobrimento do ouro, pois Fernão Dias Paes saíra em busca das esmeraldas, de modo que lembrou da tradição dos índios, de que haveria abundante ouro em Goiás, para onde, por Mogi ou por Araraquara, haviam partido de São Paulo anteriormente Antônio Pedroso de Alvarenga (que descobriu as nascentes do rio Araguaia e do rio Parnaíba) e Pascoal Pais de Araújo que arrebanhara índios e fundara fazendas no sertão de Pernambuco.
Era sertanista adjunto à grande bandeira de Sebastião Pais de Barros ao rio Tocantins de 1670 a 1674; tendo à disposição caminho aberto até a Ibituruna, adentrou o Reino dos índios cataguá e os enfrentou, como se dizia: dobrando a Mantiqueira, bateu-os na Conquista, e os perseguiu invadindo o distrito do Araxá - assim os índios chamavam as bandas orientais dos pontos onde moravam. Por ali foi ter à serra do rio Paracatu (rio bom) cujo arraial teria iniciado; uma serra, inclusive, ai guarda seu nome.
Voltou a São Paulo e morreu em 7 de março de 1677, deixando um filho, do mesmo nome, no cargo hereditário de juiz ordinário.
Diz-se que, estimulado pela Carta Régia de 23 de fevereiro de 1674, resolvera também empreender bandeira, e trouxe a São Paulo, antes de sua morte, a notícia certa da existência das minas de ouro. Depois, como aniquilou os índios cataguás, reconheceu-se a região dividida em três zonas distintas segundo sua cobertura vegetal:
A primeira seria desde a Mantiqueira à serra da Borda do Campo, país dos cataguá, bacia do rio Grande, coberta de campos e matos alternados;
A segunda, região dos campos, vasto côncavo das serras da Borda à Itatiaia (itatiaia é nome comum a todas as serras de vertentes por um e outro lado, suando os rios), campos com falhas de mato enfezado, a zona mais bela ou das congonhas.
A terceira, zona do sertão de Caeté, matos sem mistura de campos, rios enormes, serranias impenetráveis, riquezas minerais, feras e monstros, Ouro Preto.
Este nome cataguá servirá até cerca de 1710 para designar as minas dos Cataguazes, ou de Ouro Preto, Carmo, etc. como se verifica em Antonil. Deixou de ser completamente usado em 1721, quando Minas passou a capitania independente.

Sua glória, como se disse durante muitos anos, foi ter aniquilado os indios cataguá, o que determinou a conquista definitiva do território central das atuais Minas Gerais".

Lourenço Castanho Taques , o Moço e sua mulher Maria de Araújo , deixou , entre outros , a filha Inácia de Góes , que segue no capítulo seguinte

Capítulo VI - Inácia de Góes

Casou-se , em 1695 , com Jose de Barros Bicudo Leme , nascido por 1680 , falecido em Parnaíba em 1714. Deixou , entre outros , o filho Bento de Barros Bicudo , natural de Araçariguama , casado que foi com Maria Garcia , filho de Antonio Garcia Borba , natural de Santo Amaro e de sua mulher Rosa de Campos. Família esta que segue pelo capítulo IV do blog : http://belchiorborbagato.blogspot.com.br/